Essa definição foi expandida com estudos mais recentes.
Slade (1988) definiu imagem corporal como “a imagem do tamanho, peso e formato do nosso corpo que temos em nossa mente; e os sentimentos relacionados com as características das partes do corpo”.
Em termos mais simples, imagem corporal é o modo como percebemos o nosso corpo em nós mesmos.
Essa imagem é formada com o avanço do desenvolvimento e pode mudar, dependendo do estado emocional da pessoa, estando intimamente ligada ao processo de autoestima (discutida em outro post).
Imagem corporal é observada na Infância, onde esta é um determinante na formação da identidade e do conceito do “eu”; onde estímulos positivos levaria a criança a ter autoestima adequada para que esta consiga se desenvolver propriamente, executar as tarefas e interagir com o ambiente de maneira adequada.
Como a criança aprende interagindo com o meio, a influência dos que a circundam serão significativos para a criação de uma autoimagem positiva.
Pais ou cuidadores que a elogiam por feitos, enaltecendo seus atributos físicos, e a reforçam positivamente colaboram para que a autoimagem como um todo seja positiva (incluindo emoções positivas atreladas à imagem corporal).
Contrariamente, as crianças que sofrem bullying na escola ou em casa, recebem referências negativas relacionadas ao seu corpo ou parte deles, é criada em um ambiente disfuncional, podem desenvolver a idéia de imagem corporal deturpada.
Fatores genéticos, psicossociais e cognitivos também são determinantes de autoimagem e imagem corporal (o que pode justificar as diferentes maneiras como cada um experiencia o desenvolvimento psicológico).
Hoje notamos na clínica pacientes que possuem uma composição corporal impecável do ponto de vista estético, mas que apresentam muitas dificuldades pela imagem corporal deles estarem ligadas à conceitos adquiridos previamente.
Indo um pouco além, podemos citar o fenômeno paralelo da cirurgia plástica onde pacientes que aparentemente não necessitam de intervenção cirúrgica, insistem que “o nariz está torto” ou a barriga está “com muita gordura”.
Fatos que parecem estar mais conectados à uma imagem corporal deturpada do que ao próprio físico.
O fortão externo ainda pode carregar a imagem corporal do “gordo baleia, saco de areia” da infância, ou o “magrelo, “vareta” pode estar presente no atleta. Esses fatores, caso não sejam tratados, podem trazer muito sofrimento psicológico, caso a intervenção adequada não seja atingida.
Gostaria de deixar claro que, caso queira mudar algo em seu corpo através de cirurgia plástica, sou muito a favor se isso resultar em bem-estar e boa autoestima. Porém aqui me refiro à busca incessante pela perfeição.
Quero exemplificar aqui que a imagem corporal é algo que precisa ser cuidada ou resignificada, a fim de evitar danos maiores a autoestima e ao desenvolvimento.
Não podemos deixar de mencionar a influência das redes sociais no conceito de autoimagem e imagem corporal, onde usuários são bombardeados por corpos e rostos perfeitos que, muitas vezes, são modificados/melhorados com ajuda da tecnologia.
O visualizador, caso esteja com sua autoestima comprometida, vai entender a imagem como uma ameaça ou entender como o “ideal” que deve ser perseguido.
Internet se transformou em um campo minado para a autoestima e autoimagem.
A junção de um desenvolvimento não satisfatório somado ao ambiente virtual pode fazer com que indivíduos desenvolvam ansiedade, depressão e/ou transtornos alimentares e de imagem, incluindo anorexia, bulimia, compulsão alimentar e vigorexia.
Como última consideração, é importante reforçar que alguns dias se sentir mal com a aparência é normal; porém se o sentimento persistir a maior parte do tempo, este pode ser sinal de um problema que precisa ser explorado e que necessita de intervenção profissional.
Procure um profissional qualificado o quanto antes, à fim de minimizar os danos que problemas de imagem corporal podem causar.
Referências:
Slade, P. D. (1994). What is body image?. Behaviour research and therapy.
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